18 julho 2012

Me emocionou

Li este texto na revista Ecológico edição de junho (www.revistaecologico.com.br ). Belas palavras para uma pessoa vivendo um momento horrendo, tenebroso... me emocionou.

Abaixo, o texto publicado na revista:

A imprensa mineira acompanhou o assassinato recente da jovem estudante Bárbara Neves, de 22 anos, morta brutalmente em um assalto em BH. Ela era filha do economista e professor associado da Fundação Dom Cabral Gustavo Neves que, em meio a tanta dor, conseguiu postar na internet um grito de alerta contra a escalada e repercussão da violência em todo o país. A ECOLÓGICO o ouviu.
Ouça-o também:
“Que País é esse? Perdi minha filha Bárbara, da pior maneira possível: assassinada fria e covardemente! Uma menina maravilhosa: linda, cheia de vida e de planos para uma vida que apenas começava. A dor é enorme. Ela foi vítima do que podemos chamar de “Momento Brasil”. Um país onde a corrupção, a falcatrua e a impunidade convivem harmoniosamente. Ministros envolvidos com o crime organizado, políticos que nem merecem comentários. Uma crise de caráter generalizada. Neste momento em que escrevo ainda estão atrás dos assassinos. Como cidadão, espero que a justiça seja feita. Como pai, encontrá-los não fará a menor diferença. Do fundo do meu coração, o único sentimento que tenho é de compaixão. Uma pessoa em sã consciência não atira na cabeça de uma menina indefesa. Perturbação mental? Drogas? Educação? Este não é o caso, não é o que deve ser avaliado. Minha filha foi assassinada por alguém que, de certa forma, é, também, uma vítima. Convivi nesse dias com situações até então inusitadas na minha vida. Convivi com alguns tipos de imprensa indiferentes à honestidade dos fatos, com interesse exclusivamente sensacionalista. Vi um profissional da polícia, pago para defender e zelar pela ordem pública, criando factoides e fazendo declarações levianas. Acusou meu genro, um rapaz inocente, de “ter passagem pela polícia por motivos de droga”. Difamou seu nome. E a imprensa, claro, explorou para aumentar sua audiência. Quem ficará responsável por reparar este dano ao jovem e sua família? Quando a gente vê notícias e tragédias deste tipo nos jornais, ficamos indignados, mas achamos que nunca acontecerão conosco. Eu nunca imaginei passar por isto. Mas aconteceu. Aconteceu comigo, com minha amada filha. Pode acontecer com você. Precisamos dar um basta. Não estou querendo levantar a bandeira da moralidade,  tampouco aproveitar a situação para virar mártir, explorando a minha dor. Este texto é um desabafo e uma súplica. Precisamos ter compaixão. Precisamos despertar a consciência coletiva para construirmos um país melhor. Antes que tenhamos destruído nossa moralidade e o censo de vida em sociedade.”